
CAMINHOS.
Desertos que percorridos,
Caminhos por que passei,
Sem serem passos vividos,
Nem no coração nascidos,
Veredas sós, que não criei.
Chuva que não desceu,
Como deserto que secou,
Porque a água não correu,
No jardim que não é meu,
Nem fui eu que o criou.
Porque o verão que não passa,
Castiga a vida somente,
Chegando a sombra da graça,
Enchendo a humilde taça,
Saciando a sede que a alma sente.
Subindo ao monte então,
Longe da sombra do medo,
Com dilacerado coração,
Pregando o rosto no chão,
Na sombra do arvoredo.
Por: António Jesus Batalha.

DESERTO.
A força que sopra o deserto,
Num constante desafio,
Como o barco em rumo certo,
Que vai descendo o forte rio.
Torrentes que teimando,
Pra sair das suas grutas,
Por caminhos de vales soando,
A chegada de duras lutas.
Caído e amargurado,
No caminho percorrido,
Triste num andar parado,
Parece um mundo esquecido.
A verdade que trás a razão,
Como o sol que aclara o dia,
Quebra a amarga prisão,
Numa verdade que não via.
Por: António Jesus Batalha.

FUTURO.
Não quero ser um outro,
Apenas ser o que sou,
Sou grão da rocha tirado,
Que o vento desgasta ao passar,
Sou pólen que inseto não viu,
Sou vaso que se não vê,
Caminho noutro caminho,
Sou e não me conheço,
Ansiando na esperança do futuro.
Por:António Jesus Batalha.
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